sábado, 24 de outubro de 2009

Tarantino rompe com o realismo

Quem assistiu Bastardos Inglórios, a mais nova produção de Quentim Tarantino, sabe que, no filme, a Segunda Guerra Mundial não acaba da forma como nos contam os livros de História. Isso porque o diretor altera o rumo dos acontecimentos na intenção de, segundo ele, quebrar tabus e inovar a forma de se retratar o Holocausto. “Sei que os americanos judeus da minha geração e os mais novos estão fartos das histórias de sempre sobre o Holocausto”, declarou Tarantino, que ignora totalmente a verossimilhança característica dos filmes hollywoodianos sobre a Segunda Guerra.

Arnaldo Jabor, numa matéria do Jornal “O Globo” da última terça-feira, afirma que Tarantino não se preocupa com as regras narrativas “progressistas” justamente por romper com o realismo histórico, o qual denomina como “realismo burguês”. Ele muda o final da guerra ao trancar Hitler e todo “alto escalão” nazista num cinema parisiense, que é incendiado por uma judia. Há quem afirme que é o descaso para com a verossimilhança o grande trunfo do filme.

Acredito que seja importante pensarmos e discutirmos sobre a mensagem que o diretor deseja passar ao público ao optar por esse tipo de abordagem. Além disso, podemos também refletir sobre o que Tarantino pensa sobre o cinema. Isabela Boscov, numa matéria da revista “Veja” do dia 7 de outubro, fala que Bastardos Inglórios não é um filme sobre a Segunda Guerra e nem mesmo uma história fantasiosa que se passa nesse período. Para ela esse é um filme que pertence à história do cinema e que “se passa” em todos os outros filmes já feitos sobre o mesmo tema. Tarantino acredita tanto na potência do cinema que a propriedade explosiva da película chega a ser explorada ao final do longa como arma de guerra. É a partir desses dois pontos que abro para discussão.

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