segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O século: vista aérea – olhar panorâmico

Doze pessoas vêem o século XX (seis primeiros depoimentos)

Isaiah Berlin (filósofo, Grã-Bretanha): “Vivi a maior parte do século XX, devo acrescentar que não sofri provações pessoais. Lembro-o apenas como o século mais terrível da história”.

Julio Caro Baroja (antropólogo, Espanha): “Há uma contradição patente entre a experiência de nossa própria vida – infância, juventude e velhice passadas tranqüilamente e sem maiores aventuras – e os fatos do século XX... os terríveis acontecimentos por que passou a humanidade”.

Primo Levi (escritor, Itália): “Nós, que sobrevivemos aos Campos, não somos verdadeiras testemunhas. Esta é uma idéia incômoda que passei aos poucos a aceitar, ao ler o que outros sobreviventes escreveram – inclusive eu mesmo, quando releio meus textos após alguns anos. Nós, sobreviventes, somos uma minoria não só minúscula, como também anômala. Somos aqueles que, por prevaricação, habilidade ou sorte, jamais tocaram o fundo. Os que tocaram, e que viram a face das Górgonas, não voltaram, ou voltaram sem palavras”.

René Dumont (agrônomo, ecologista, França): “Vejo-o apenas como um século de massacres e guerras”.

Rita Levi Montalcini (Prêmio Nobel, ciência, Itália): “Apesar de tudo, neste século houve revoluções para melhor [...] o surgimento do Quarto Estado e a emergência da mulher, após séculos de repressão”.

William Golding (Prêmio Nobel, escritor, Grã-Bretanha): “Não posso deixar de pensar que este foi o século mais violento da história humana”.