terça-feira, 29 de setembro de 2009

AULA DE 30 DE SETEMBRO - Guerra Civil Espanhola


1) No início da próxima aula terminaremos de assistir ao filme que estávamos vendo na aula passada. E discutiremos brevemente.
2) Tragam POR ESCRITO um comentário/reposta de vocês à pergunta sobre a IMPARCIALIDADE NA COBERTURA DE GUERRA. Junto da pergunta há duas opiniões conflitantes a esse respeito. Escrevam a resposta de vcs após lerem as duas posições citadas. Recolherei as respostas na próxima aula. Podem escrever no verso do xerox que devolverei a vcs posteriormente depois de avaliado.
3) O tema da próxima aula é GUERRA CIVIL ESPANHOLA.
Textos: ORWELL, George. Literatura e Política: Jornalismo em tempos de guerra.
Filme: Terra e Liberdade

Solicito também que tragam informações sobre o evento e, em especial, sobre algum material de representação do conflito, lido/assistido/observado para ser comentado em sala.

4) Atenção equipes de Guerra Civil Espanhola...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Em debate...


Reflita e comente a pergunta acima. Na próxima postagem serão publicadas as opiniões de dois especialistas em guerra.

“Guerra Estúpida?”

Assim, o editorial da Folha de São Paulo define a visão acerca dos eventos de março de 2003: a invasão norte-americana ao Iraque. Neste artigo, esquadrinharemos como o jornal paulista explora os fatos do segundo dia de guerra declarada, observando como ele constrói sua posição e a como se conecta com outros veículos de comunicação, opiniões e protestos no Brasil e no mundo.
Através dos correspondentes Juca Varella, fotógrafo; e Sérgio D'Ávila, jornalista; a Folha realiza sua cobertura no front. À primeira vista, as reportagens são elaboradas buscando revelar imparcialidade. Porém, nas páginas subsequentes, o que se evidencia é a opinião pessoal do enviado em Bagdá. Claramente, a posição de um “Davi (Iraque) x Golias (EUA)” é transparecida por D'Ávila: elementos como “as barricadas de sacos de areia feitas nas esquinas, que começaram aparecer são mambembes e mal planejadas. As trincheiras cavadas pelos cidadãos a pedido do ditador Saddam Hussein são rasas e de cortar o coração pela ingenuidade e ineficácia”, e uma foto onde homens, dentre eles, velhos e crianças segurando armas, posam ao lado de uma barricada. É notório que Varella enfatiza um armamento precário, para combater a “tecnologia do Império”, e ao fundo, aparecem soldados, uniformizados de maneira melhor, descansando. A partir dela, podemos abstrair que o fotógrafo considera a população como um escudo do governo iraquiano, ou seja, Saddam Hussein estaria se protegendo à sombra do povo. É claro, também, que ambos os correspondentes criticam tal governo por este limitar a locomoção da imprensa, e controlar as informações, restringindo o acesso apenas às oficiais, tendo ele o intento de mostrar uma Bagdá ainda erguida e que os alvos atacados seriam “irrelevantes”. Além disso, é mostrada uma relativa apreensão de Kuwait e Israel sobre possíveis ataques de mísseis iraquianos.
Porém, o que fica evidente é um país que não teria nenhuma chance contra um “inimigo mais poderoso”, em termos militares e econômicos. A cobertura traz, contudo, sem explorá-lo de maneira mais incisiva, um esboço do que o mundo enxergaria nos meses e anos seguintes: um Iraque marcado pela economia frágil e uma sociedade despreparada para um conflito, que observamos se prolongar até nossos dias.
É por isso, então, que o mundo reclamou da guerra? Ou seria pela pretensão estadunidense em explorar os poços de petróleo da região? Isto não podemos responder... Só podemos comentar que ao expor as diversas reações pelo mundo, acerca da guerra, a Folha esteve calcada nos textos de diversas agências, buscando demonstrar relativa imparcialidade. Trouxe, também, os discursos oficiais dos chefes de Estado de ambos os lados, e o posicionamento de outros líderes, incluindo o do presidente Lula, demonstrando realizar o “choque de opiniões”.
Entretanto, durante todo o caderno “Mundo”, as manifestações antiguerra estão presentes, desde o Vaticano, aos atos de jovens de todo o planeta, indicando que o jornal, ao expor seu argumento “guerra estúpida”, esteve sintonizado com a opinião pública mundial. Seus correspondentes em Bagdá adotaram tal posicionamento, onde na “guerra contra o terror”, a maior potência mundial enfrentava um adversário cuja força estava presente apenas no discurso de seu líder, mas que contradizia a realidade intrínseca ao Iraque. Em suma, tal guerra seria fruto de intenções capitalistas em benefício de setores ligados à indústria bélica e petrolífera, sendo as justificativas norte-americanas expostas pouco plausíveis.

Por: Adriana do Amaral, Ana Cristina Sabioni, Clara Iamê, Fabiana Ramos, Mayra Poubel, Monica Sicuro, Patrick Monteiro, Raquel Pinheiro, Vanessa Pollak.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Exercício sobre Canudos

Turma, o próximo exercício é o seguinte... Publiquem uma breve análise do documentário que assistimos e dos demais textos que discutimos em aula sobre a Guerra de Canudos. Reflitam em especial a partir de algumas questões que tratamos como a representação da guerra em diferentes suportes como o caso dos nossos exemplos. Analisamos a Guerra de Canudos representada nas notícias de jornal da época, na literatura com Os Sertões, no cinema de ficção e nos documentários. Também é importante pensar nas representações em temos diferentes. Na época do evento e contemporaneamente. O comentário é individual e será avaliado. O prazo é até a aula que vem.

Próxima aula:
Deixei três textos que valem para as duas próximas aulas. O principal é o Eric Hobsbawm. Os outros dois, de Phillip Knightley e de Walter Benjamin, são bons mas servem de complemento pelo volume de páginas que daria no final.

Cobertura da Guerra do Iraque-Dia 23/03/2003

Grupo: Amanda Barreto; André Regufe; Bruno Ferreira; Carolina Morais; Daniel Vitor; Fernanda Veríssimo; Igor Fernandes; Marcos Raddi; Paulo Roberto.

Na edição do dia referido há referência a dois correspondentes do jornal, sendo um deles em Bagdá - Sergio D'Ávila - e outro em Nova York. Há relatos mais locais sobre a guerra, tendo acesso a discursos oficiais do governo iraquiano, além de ralatar os cenários da guerra e entrevista quem está diretamente ligado a ela.
Na edição, comparativamente, há uma tendencia em considerar a visão do jornal contra a guerra. A FOLHA utiliza os textos de outros jornais e de agências com o intuito de reafirmar suas posições, assim como quando transcreve textos de agencias e discursos oficiais.
As matérias tentam valorizar os diferentes atores comuns, aqueles que sofrem as reais consequencias da guerra, seja no ambito físico, cultural ou economico.
Há uma clara referencia do jornal a um crescimento do discurso antiamericano.
Concluimos que quanto mais próximo da guerra, maior o dimensionamento do teatro de operações e a capacidade crítica em relação a tal. os documentos analisados nos levam a perceber a postura antiguerra da "Folha de São Paulo".

Reportagem: Som do“Big One” é inesquecível.

Folha de São Paulo
Sábado, 22 de março de 2003.

A reportagem se trata de uma fonte primária onde o relato do jornalista Sérgio D’Ávila nos apresenta os fatos a partir de seu ponto de vista. Neste caso, a experiência vivida pelo jornalista faz toda a diferença.
Enviado à Bagdá, Sérgio D’Ávila escreve sobre os ataques norte-americanos ocorridos no segundo dia de conflitos da guerra entre Estados Unidos e Iraque. O medo e a angústia sentida pelo jornalista nos é passada com veracidade e nos apresenta o lado humano que existe por trás da narrativa. Isso só acontece porque D’Ávila escreve sobre o que viu através da janela do hotel e sobre o que sentiu diante daquela situação, o que nos faz acreditar que a narrativa seria bem diferente se ele estivesse utilizando uma fonte já produzida e não estivesse presenciando aquele momento. Segundo D’Ávila, “A seqüência é uma rotina assustadora e uma lógica insuportável, emprestada dos trovões e dos raios” diz ele sobre a onda de bombardeios.
Nesta reportagem, D’Ávila atuou como jornalista, responsável pela difusão da informação e como agente da História já que estava inserido no objeto de seu próprio estudo sendo contemporâneo aos fatos.

Juliana Morais Danemberg

domingo, 6 de setembro de 2009

Cobertura da Folha sobre a guerra do Iraque – Análise do Jornal do dia 24 de março de 2003


Neste texto, serão demonstrados alguns pontos e questões levantados pelo grupo na análise da cobertura conferida à Guerra do Iraque pelo jornal Folha de São Paulo no dia 24 de março de 2003. Em primeiro lugar, é importante destacar que nesta edição, encontramos reportagens da Redação (com base em agências de notícias), de jornais norte-americanos (como o NY Times e o Washington Post), além, é claro, do correspondente Sérgio Dávila, enviado pela Folha. Com relação a este último, pudemos notar que suas matérias se diferenciam das demais, por se constituírem de um relato que busca uma maior aproximação com o leitor, trazendo a tona algumas das dificuldades enfrentadas em sua estadia em Bagdá, como, por exemplo, a possibilidade de um bombardeio norte-americano a qualquer momento ou até mesmo a condição “irrespirável” do ar. Houve uma discussão na qual tentamos pensar se essa forma de cobertura de guerra seria ou não jornalismo. Chegamos a conclusão de que esse tipo de narrativa não só é uma maneira de se fazer jornalismo como também representaria um diferencial da Folha com relação a outros jornais brasileiros, já que este foi o único que enviou um correspondente ao Iraque.

É essencial ressaltar que é com relação aos dados da imprensa internacional onde podemos notar a postura mais crítica da Folha. Na publicação deste dia, encontra-se uma página com duas matérias: uma do NY Times, na qual a autora defende diversos argumentos favoráveis aos Estados Unidos na guerra e outra – escrita especialmente para o jornal por Demetrio Magnoli – que nos alerta para sempre suspeitar da cobertura da mídia, como sugere o próprio nome do artigo (“Desconfiem das notícias”). Embora tenha surgido uma discussão dentro do grupo se a configuração desta página teria sido proposital, não devemos deixar de considerar o fato de ambas as matérias estarem justamente na mesma página. Chegamos a concluir que talvez a Folha assumisse uma atitude mais crítica justamente quando se trata da própria imprensa.

Além desta crítica, podemos notar também uma posição contrária à guerra, de maneira geral. Ao dedicar uma página inteira às reportagens sobre as manifestações contra e a favor da guerra, as primeiras se sobressaem por ocuparem mais da metade da página, além de exibir fotografias nas quais os manifestantes pareciam mais dinâmicos (ativos) do que os norte-americanos pró-guerra do Iraque. Isso talvez se deva ao fato de que a opinião pública mundial se encontrava amplamente contra à guerra, fazendo com que a Folha adotasse essa abordagem. No que diz respeito a esse tema de discussão, foi sugerido pela professora que fizéssemos um exercício de comparação entre as coberturas desta guerra com a cobertura da guerra do Golfo para que possamos constatar se a Folha já defendia uma postura anti-guerra ou se isso seria uma particularidade do contexto do conflito entre os EUA e o Iraque.
Estes dados apresentados nos fazem pensar em uma postura crítica da Folha à defesa hegemônica da guerra, porém não poderíamos excluir que certas vezes tal jornal também demonstra certo alinhamento aos EUA. Isto se faz notar na própria matéria da capa e na manchete do jornal, que optam por privilegiar a denúncia de violência de iraquianos a cinco soldados norte-americanos, mantidos como reféns. Nesta mesma matéria se observa que a Folha procura evidenciar os dois lados da guerra, isto é, tanto o discurso iraquiano quanto o norte-americano, apresentando um quadro com as duas versões com relação à quantidade de soldados norte-americanos mortos. No entanto, na manchete da mesma reportagem opta claramente pelos dados do Pentágono, talvez por ser considerado uma fonte mais confiável.
Desta forma, o que podemos observar da cobertura da Folha sobre esta guerra ainda em início é que abarca diferentes posições até mesmo em apenas uma edição, parecendo assumir ora uma aproximação ao discurso norte-americano, ora uma postura crítica a guerra e, principalmente, a imprensa; no entanto se esforçando sempre em apresentar ambos os lados do conflito, ainda que privilegie um em detrimento do outro, como ressaltado acima.
Grupo: Ana Paula Leite
Lívia Antunes
Mariana Lopes
Raquel Rodrigues
Rafael
Ricardo Dutra
Sabrina Arruda
Valentim
Vivian Sant’anna

sábado, 5 de setembro de 2009

“Choque de Frequências”

Analisando as reportagens do dia 20/03/2003 da Folha de São Paulo, podemos destacar o amplo espaço que o jornal cede para as coberturas de movimentos populares contra a guerra e contra a posição irredutível do governo norte-americano de iniciá-la, mesmo indo de encontro a diversos representantes de nações presentes na ONU. A utilização dos discursos oficiais é sempre com a presença de aspas, onde o jornal procura se afastar da responsabilidade das declarações ali presentes. Porém, podemos identificar a posição dos jornalistas e de seus correspondentes internacionais como contrários a qualquer retaliação contra o governo iraquiano, apesar de ainda apresentarem o governo de Saddam Hussein como “autoritário” e “corrupto”. A seleção de matérias oriundas de empresas como a Reuters e de escritores convidados deixam isto claro. Em pesquisa feita pela própria Reuters, é possível evidenciar que a popularidade do governo norte-americano sofre queda livre em países da América Latina, Europa, e até mesmo entre a população daqueles que vivem em países nos quais o governo apoia abertamente a intervenção no território iraquiano, como Inglaterra e Espanha. O artigo do jornalista Eduardo Galeano remonta toda a dualidade do governo dos Estados Unidos que sempre buscaram, ao longo da história, alianças com países estratégicos do Oriente Médio para a extração do petróleo, a fim de evitar que as reservas caiam em mãos de grupos ligados ao comunismo (durante a Guerra Fria) e de ortodoxia religiosa (após a queda do modelo comunista).


No artigo A guerra: curiosidades, do jornalista uruguaio Eduardo Galeano, o discurso que permeou a investida norte-americana no Iraque é questionado. Tal questionamento busca relacionar o conflito ao interesse pelas abundantes reservas de petróleo iraquianas. Assim, o autor faz certa crítica a dois dos principais personagens: Bush e Tony Blair. Galeano, para justificar sua concepção dos EUA como fomentadores da guerra, utiliza-se de fontes históricas, fazendo referência a antigos personagens da história norte-americana. Ele enfatiza a escolha pelo conflito como injustificada. Para ele, o Iraque não oferecia real perigo, e o fato do governo dos EUA ter se relacionado com Saddam Hussein na Guerra do Golfo evidencia uma linha de conduta suspeita da política externa, ao enveredar para um conflito com um velho aliado. Tal formulação, contudo, não reflete as questões pertinentes a outros agentes influentes nesse conflito. A reflexão do autor é limitada ao ideário que construiu a sociedade norte-americana, à passividade da comunidade internacional – inclusive da ONU – e ao papel do Iraque na região do Oriente Médio. Portanto, a crítica expressiva de Eduardo Galeano ao conflito, e especificamente à postura dos EUA, apesar de construída com referências historiográficas sofre por não oferecer uma interpretação geral da situação. Podemos, destarte, observar um determinado viés que não retrata de forma ampla a construção do conflito, pelo menos por parte dos EUA, o que seria o objetivo inicial do autor.

Por outro lado, os textos das páginas A15 e A16 são pautados nas informações de dois enviados internacionais (um em Washington e outro em Bagdá), além de informações de agências internacionais. O enviado de Washington se preocupa com os discursos oficiais de lá, enquanto o de Bagdá preocupa-se com aspectos descritivos da cidade. A explicação do conflito em si é ausente nestas reportagens. É possível questionar se o enviado a Bagdá e seu tipo de abordagem seriam, na verdade, uma tentativa de diferenciar o jornal de outros baseados apenas em notícias de agências.


Os discursos oficiais são colocados de forma direta e sem questionamento, e muitas aspas podem ser encontradas no corpo do texto. Os atores são destacados sempre em uma tensão entre o presidente George W. Bush e o ditador (e há uma ênfase nessa denominação) Saddam Hussein. Saddam é constantemente associado aos ataques de 11 de setembro de 2001 e à Al-Qaeda, o que sugere uma ligação direta sobre ambos serem quase a mesma coisa. Destaca-se também o fato de Bush ter mandado um ultimato para Saddam deixar o país, e o não cumprimento deste levaria à invasão. Outro ponto a se destacar é o de um aparente medo das armas de destruição em massa.


Em geral, enfatiza-se uma superioridade tecnológica norte americana eseu poder de autoridade, além de uma preocupação com o término rápido do conflito, onde se pouparia a população de maior sofrimento. É possível notar também que matérias feitas na redação, em geral, possuíam colaboração de agências internacionais e concentravam-se em reproduzir as declarações oficiais, de forma a explicitar que a intenção seria somente transmitir as informações, sem um relato mais profundo.


No entanto, havia uma reportagem traduzida do The Independent, escrita por Robert Fisk, em Bagdá. Nota-se uma diferença significante entre esta matéria e aquelas escritas na redação. O texto se encontra em primeira pessoa, demonstrando a experiência e o relato individual. Além disso, a reportagem concentra-se muito mais em uma narrativa da vivência daquela realidade, do que na mera exposição de fatos e informações. Isso é evidente no momento em que Fisk detalha situações do cotidiano de Bagdá e as implicações da guerra na vida da população. Como no seguinte trecho:


Mesmo assim, mesmo ontem à noite, ainda era difícil compreender a realidade daquilo que nos aguardava... Havia pilhas novas de saco de areia nas esquinas, e os soldados atrás delas batiam papo com as pessoas que faziam suas últimas compras. Será que é isso que a guerra constante faz as pessoas? Transforma-as em homens e mulheres que sabem que irão sobreviver, pela simples razão de que sobreviveram da vez passada?


Podemos concluir, então, que o relato feito por um repórter que se encontra no local da guerra, em geral, é mais profundo, proporcionando uma maior compreensão da vivência dessa realidade e também um questionamento sobre esta, ao contrário do que uma simples notificação de dados e declarações.

Em artigo enviado para o Financial Times, o pesquisador senior do Brookings Institute (EUA), Michael O'Hanlon, faz uma relativização quanto à linha de raciocínio comum entre muitos especialistas a respeito da tão esperada "vitória fácil" dos Estados Unidos na guerra do Iraque. Segundo Michael, a guerra seria tão facilmente vencida, mas também não seria de longa duração. Para defender suas previsões e afirmações, ele se utiliza de dados de batalhas passadas, consideradas "fiascos", e tenta dizer que, possivelmente, os mesmos erros não seriam cometidos, mas serviriam de orientação. O autor afirma também que a superioridade tecnológica, como o poderio aéreo americano que seria capaz de desempenhar papel crucial, poderia não ser dominante na guerra. O’Hanlon, ao mesmo tempo em que exalta a tecnologia de guerra dos EUA, também ressalta suas limitações quando aplicada a uma guerra urbana, pois em Bagdá, por exemplo, as armas não teriam tal precisão cirúrgica como geralmente se falava. Michael O'Hanlon fala também sobre o perigo evidente da perda de centenas a milhares de soldados americanos – nota-se, entretanto, que em nenhum momento ele faz uma ponderação quanto às mortes de civis iraquianos. O exército iraquiano, tratado como “o outro”, é citado apenas quando o autor afirma que, provavelmente, poucos soldados continuariam em combate. Pode-se perceber que O’Hanlon acaba por ser um pouco maniqueísta na aplicação de seus adjetivos e ao concluir que a vitória norte-americana se daria muito mais pelo "heroísmo" dos soldados, e não pela tecnologia ou planos de batalhas ousados.

Nesta mesma edição da Folha de São Paulo, há um artigo que trata da disputa e da preparação da CNN e da Al-Jazeera para a cobertura da Guerra do Iraque. Com reportagem local de Laura Mattos e de Cláudia Croitor, foram feitas entrevistas com o presidente da CNN Internacional e com a chefe de redação da Al-Jazeera.


A Al-Jazeera, emissora árabe que ganha reconhecimento com o conflito do Afeganistão, esperava expandir-se ainda mais com a cobertura da Guerra do Iraque e com o lançamento de um canal em inglês. O canal não escondia sua parcialidade e sua chefe de redação chegou a afirmar que a emissora representava o mundo árabe. É citada também a expectativa de realizar uma cobertura mais transparente que a vista na Guerra do Golfo, em uma clara provocação à CNN.


A CNN, por sua vez, afirma ter uma cobertura imparcial, compreensível e com visões dos dois lados, em contraposição a Al-Jazeera. A preparação consiste em um investimento de US$ 35 milhões e um processo de treinamento para os enviados. O presidente da emissora alega ainda não fazer dinheiro com a guerra, e chega a considerar tal afirmação como uma ofensa. Afirma também que “a função de noticiar uma crise mundial não é negócio, é serviço público”.


Contudo, as emissoras concordam ao afirmarem que a Guerra do Iraque seria a mais perigosa em termos de cobertura jornalística. Pode-se interpretar tal atestação como medida sensacionalista ou realmente pela maior proximidade com o conflito. De qualquer forma, conclui-se que paralelamente à Guerra do Golfo, instaura-se uma guerra midiática, na buscar pela audiência de todo o mundo.

Equipe: Amanda Cardoso; Ricardo Poço; Rafael Zacca; Erick Carvalho; Taís Bravo; Israel Gil; Vinícius Rodrigues; Henrique Sá; Toni Endlich.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cobertura da Guerra do Iraque – exercício



Nas primeiras edições da cobertura da Folha de S. Paulo, sobre a Guerra do Iraque, observa-se que as reportagens eram desenvolvidas pela redação através das informações enviadas pelos seus enviados – Sérgio Dávila e Juca Varella. Além desse material, também são utilizados manchetes dos principais jornais do mundo, bem como declarações de autoridades dos países envolvidos no conflito. Por meio de vinhetas como “Ataque do império”, podemos examinar a imparcialidade na construção da reportagem. Ao mesmo tempo em que o jornal relata que a invasão ao Iraque, realizada pelos Estados Unidos, foi uma decisão que desrespeitou a ONU, o mesmo ressalta que a atitude faz parte da política adotada pelo presidente Bush, ponderando que o petróleo não é a única razão para o conflito, mas que o arsenal de Saddam Hussein, bem como suas armas químicas e nucleares, seria a verdadeira causa da invasão. Entretanto, tal justificativa nunca foi de fato comprovada.


Especificamente no caso dos correspondentes brasileiros, foi registrado pouca presença destes nos territórios iraquianos. Enquanto os EUA divulgavam por meio do Pentágono um programa para a cobertura da guerra, definindo uma série de regras, como não informar sobre operações em curso, sobre a efetividade do inimigo nem sobre a identidade dos prisioneiros; o Iraque, por outro lado, realçou os aspectos referentes ao impedimento da cobertura, visto que, para estar no país, as empresas jornalísticas tinham que pagar grandes quantias pelos direitos de cobertura, o que influenciou na pouca presença de jornalistas brasileiros e latino-americanos no local. Essa facilidade apresentada pelo governo norte-americano, no entanto, representa um instrumento de manipulação.
O jornalista brasileiro, José Arbex Jr., que cobriu a queda do muro de Berlim e esteve na Guerra do Golfo, falou, em entrevista realizada em 2003, a respeito da falsa idéia de estar havendo uma guerra no Iraque e comentou como a imprensa brasileira legitimou esse discurso:

Alberto Hektor- Para começar nossa conversa sobre a atuação da imprensa na guerra dos EUA contra o Iraque, lembro-me dos seus livros O Poder da TV e Shownarlismo, quando o senhor fala sobre o discurso maniqueísta, construído pelo Governo dos EUA e sustentado por sua imprensa em conflitos passados como o do Golfo em 1991, que se refere ao "bem" (ocidente) contra o "mal" (oriente). Podemos dizer que, nesta guerra, os EUA e sua imprensa estão usando a mesma estratégia?José Arbex Jr. - Dizer que existe uma guerra no Iraque é a maior das mentiras contadas pela grande imprensa (jornais, emissoras de rádio e televisão). Não há guerra, há um morticínio, massacre praticado pela maior potência econômica e militar do planeta contra o Exército Iraquiano sucateado, que foi totalmente mapeado pelos agentes da CIA e pelos inspetores da ONU. Dizer também que está havendo a "libertação" do Iraque, como dizia o selo da rede CNN de televisão (o selo dizia, logo após o início do ataque: A libertação do Iraque começou) é outra mentira. O que os EUA querem fazer é o que fizeram ao longo do século 20, isto é, ocupar militarmente o país e instalar um governo fantoche.

Por:
Aline Moura
Anílson Nascimento
Clarissa Ramos
Érika Natasha Cardoso
Fernando Lima
Inês Aquino
Isabele Luiz
João H. Leite
Juliana Mordis
Luciano Gomes
Milena Sanandres
Nathalia Caude
Nathalia Topini Lucas
Paula de Almeida
Pedro de Moraes
Ricardo Jonard
Rodrigo FampaTalita Teixeira dos Santos