quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Rio, 11/11/09
Juliana Morais Danemberg

MATÉRIA DE JOSÉ HAMILTON RIBEIRO SOBRE A GUERRA DO VIETNÃ PARA A REVISTA REALIDADE.

1) O QUE A PRESENÇA DO REPÓRTER MUDA NA COBERTURA DE GUERRA?

O trabalho do repórter na cobertura de guerra faz com que o relato tenha uma visão profissional do acontecimento. O repórter sabe onde deve encontrar a notícia, conhece os assuntos que mais repercutem e sabe como conquistar o leitor / espectador. Por outro lado, o trabalho de campo, mesmo com a visão profissional, tem uma forma mais particular e humana. O dia-a-dia na presença dos acontecimentos, o testemunho da morte e do sofrimento, assim como o medo de perder a própria vida fazem do relato uma espécie de diário com experiências particulares. De outra maneira ocorre com o repórter que não vai à campo, este trabalha geralmente com informações pré-produzidas e com fontes oficiais e não expressam um sentimento real.

2) O QUE UM REPÓRTER BRASILEIRO TRAZ DE DIFERENTE PARA ESTA COBERTURA?

Por ser brasileiro, José Hamilton tem maior facilidade de trabalhar na guerra. Como o Brasil tem boas relações com outras nações, o repórter não enfrenta problemas diplomáticos ficando, até certo ponto, mais livre para ir e vir atrás da notícia e registrar o que for de sue interesse. Seu trabalho também está menos sujeito à possíveis censuras dos governos em guerra. A presença do repórter no front não tem caráter político e o contato com ambas as partes do conflito possibilita maior variedade de relatos, menor parcialidade e uma visão mais ampla dos acontecimentos.

3) O QUE O ENVOLVIMENTO DO REPÓRTER JOSÉ HAMILTON RIBEIRO NA GUERRA DO VIETNÃ COMO VÍTIMA ALTERA NA PERCEPÇÃO DA GUERRA E NO RELATO?

O fato de José Hamilton ter se ferido faz com que o relato seja cada vez mais real, humano e doloroso. No hospital, por exemplo, ele descreve com detalhes o seu sofrimento assim como fala dos feridos que estão à sua volta mas, não é um simples relato. Se ele não tivesse sido ferido, iria falar da dor alheia, da tristeza, do medo mas, sem saber o que esses sentimentos (naquele momento) representavam de verdade. Neste caso, quando José Hamilton fala das dores dos outros, ele está falando da própria dor também. A diferença é que ele pode sentir na pele o que relata e a noticia é transmitida com emoção bem particular. De acordo com o que diz José Hamilton, parece que após o ferimento a guerra passou a ter um gosto mais amargo. O entusiasmo do repórter, assim como uma imensa sede por aventura foi dando lugar a uma melancolia que se origina na consciência dos males da guerra. Desta forma, tudo ficou mais cruel e sem sentido.

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