terça-feira, 24 de novembro de 2009

A "desconstrução" da história por Tarantino



A mais recente produção de Quentin Tarantino é sua obra mais ousada se considerarmos a complicada temática abordada. O tema segunda guerra mundial talvez seja um dos mais populares, e um dos mais rentáveis à indústria do cinema, como também em outras mídias; contudo essa ampla abordagem traçou uma forma de pensar até certo ponto restrita sobre o assunto.
Considerando que a desconstrução do estabelecido pela historiografia possibilita novos sentimentos, e concepções sobre determinado tema o filme “ Bastardos Inglórios” é uma boa opção para transcendermos ao ponto comum do assunto. Tarantino em suas produções revela um mundo próprio; uma lógica própria, contudo “Bastardos Inglórios” pode ser considerado seu filme mais próximo à filmografia convencional, pois utiliza uma linha cronológica linear, o que não é comum em seus filmes.
Tarantino abala a identidade visual, e a verossimilhança já a partir dos créditos, pois utiliza fontes diferentes na composição do nome dos atores. Portanto há o interesse do próprio filme de demonstrar que não há a pretensão de ser uma reprodução de fatos reais, pelo contrário, a temática se apoia sobretudo no sentimento particular de vingança. Dentro dessa busca a história é desenvolvida nas concepções e gostos do seu diretor, desde sua trilha sonora, como nos climas de tensão semelhantes a de famosos “westerns”.
A história dirigida por Tarantino retrata a conspiração de Shosanna, judia que perdeu seus familiares mortos devido a ocupação nazista, com um grupo de judeus americanos com o intuito de por fim ao comando nazista. Os nazistas são estereotipados, ou seja, são tratados como vilões sem motivação política, sem uma sustentação densa para seus objetivos; os anseios de vingança são condicionados, e supridos com a violência comum aos filmes de Tarantino.
Porém ao contrário de parecer simples, a obra é uma reverência ao cinema, com referências, inspirações, diálogos marcantes, mostrando que uma história inusitada faz falta a atual situação do cinema. E para a historiografia é uma interessante revisitação, uma capacidade de perceber como o eventos históricos são prósperos para a cultura, entretenimento, podendo atingir as massas sem serem apenas didáticos, e não se pretendo didáticos, apenas sendo uma boa fantasia sobre um passado próximo.


Toni Endlich Leite

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