quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A gloriosa reescrita da história



Em Bastardos Inglórios, Quentin Tarantino mais uma vez trabalha com um de seus aspectos favoritos: a violência caricaturada. Tiros furam as peles, facas cortam testas e feridas se abrem. Feridas estas que também, mais uma vez, resgatam a memória da Segunda Guerra Mundial e da perseguição aos judeus.


Porém, ao contrário da mesmice de filmes sobre o tema, Tarantino propõe uma nova abordagem, apesar do desvio histórico, e apresenta os judeus não como melancólicos sacos de pancada, mas sim como sujeitos irados e ativos contra os nazistas. E, além disso, a utilização do humor, principalmente com a violência, dá um novo tom à temática, ao provocar riso em uma situação em que se chora, geralmente.


A partir disso, podemos pensar como esta revisitação da história e da memória dos 70 anos do início da Segunda Guerra pode ser interpretada. É curioso como a inversão de “bandidos e mocinhos” nos faz torcer a favor dos “bandidos”, uma vez que temos conhecimento de como foi o desfecho da história. Pela minha própria experiência ao ver o filme, é algo estranho torcer para que o cinema explodisse com todos os nazistas, incluindo Hitler. Torcer pela inversão da história, por um final diferente, traz consigo a pergunta: “E se tivesse terminado assim?”


Outro ponto que vale uma reflexão é de como teria sido a recepção do filme por judeus e por alemães. Provavelmente, a apresentação de judeus assassinos, um Goebbels chorando de emoção pela aprovação de Hitler pelo filme e o fuzilamento do líder nazista não ficaram livres de interpretação, seja com o riso, seja com a indignação.



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