terça-feira, 15 de setembro de 2009

Em debate...


Reflita e comente a pergunta acima. Na próxima postagem serão publicadas as opiniões de dois especialistas em guerra.

11 comentários:

  1. Como já havíamos comentado em outras aulas, não acredito que possa haver imparcialidade na cobertura de guerra, principalmente se os repórteres estiverem inseridos dentro do conflito. Não há como passar uma visão isenta, pois indiretamente os mesmos acabam por tomar partido de um “dos lados” da guerra.

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  3. Não creio sequer exista algum tipo de "imparcialidade absoluta". Muito pelo contrário: a bandeira da imparcialidade é utilizada com o propósito, deliberado ou não, de se esconder os interesses por trás de uma determinada opinião.

    O que a pessoa bem-intencionada deve fazer é tomar consciência da sua própria parcialidade, determinada por fatores sócio-culturais, para em seguida deixar clara a sua posição acerca de um fato. A pessoa deve sempre levar em consideração a existência de opiniões divergentes e deve tentar compreendê-las sem buscar distorcê-las ou desqualificá-las.

    Em relação ao jornalismo de guerra, creio que a melhor maneira que um jornalista pode proceder é tentar expor as diversas visões sobre a guerra, de ambos os lados do conflito. Mas, conforme foi dito anteriormente, isso não trás a imparcialidade, mas sim uma tomada de consciência da parcialidade inerente a qualquer pessoa.

    Contudo, apresentar versões diferenciadas a respeito de uma guerra é uma tarefa extremamente difícil, devido à dependência do jornalista das informações lançadas pelas Forças Armadas. O bom jornalista seria aquele capaz de "burlar" tal monopólio, apresentando uma versões e enfoques sobre uma determinada que sejam diferentes daqueles ditos oficiais, mesmo que isso possa a lhe trazer problemas. Eis porque a profissão de correspondente de guerra é tão difícil e arriscada.

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  5. Um chador ou burka usados por uma mulher islâmica são vistos por "nós" ocidentais como sinal de atraso ou de redução da dignidade feminina, enquanto que para elas seria somente sinal de respeito às tradições. O uso de elementos seriam interpretados por cada grupo de acordo com orientações oriundas de nossos próprios costumes. Essa mesma subjetividade seria elemento para classificação do nível de evolução tecnológica numa guerra, tanto vista pelos próprios combatentes, pelo público leitor ou pela imprensa. Qual seria a primeira vista a tropa mais evoluída tecnologicamente no embate EUA X Vietcong? Mas apesar desse "atraso" havia uma clara diferenciação quanto a adaptação ao meio , apesar das deficiências tecnológicas. Os vietcongues eram mais adaptados ou sabiam melhor aproveitar o teatro de operações. Essa mesma interpretação também é usada pela imprensa ou pelos leitores, que usam critérios técnicos ou culturais, já que não somos totalmente desapegados de nossa bagagem cultural. Somos fruto de um meio que interpreta tudo a nossa volta. Mesmo desapegado de alguns preconceitos, o jornalista acaba utilizando suas interpretações, suas próprias convicções pessoais e até mesmo orientação editorial para a cobertura. Totalmente isento pode não ser, mas sem preconceitos pode e deveria ser essa cobertura de guerra, assim como a cobertura jornalística em si. O problema seria delimitar o que seria a insenção de um jornalista ou de uma cobertura já que a última seria mais fruto de orientação coletiva de um órgão de imprensa, delimitada por vários critérios internos e externos, sendo até o caso de orientações advindas de anunciantes, com interesses diretos ou indiretos, como nos ligados a bancos que tem como grandes investidores clientes da comunidade judaica, o que direcionaria a cobertura dos conflitos Israel-Palestina, tornando ela mais "amigável" com o papel de Israel. A cobertura, enfim poderia ser direcionada ou influenciada, por critérios internos ou externos, sendo impossível a isenção total.

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  6. Concordo com os problemas colocados em relação à imparcialidade. Mais do que buscar a “neutralidade” da informação, acredito que o jornalista tem de tomar consciência da sua própria parcialidade. O comentário do André alargou esta questão problematizando também os traços culturais que nos constituem, e que marcam nossas visões de mundo, e os diversos critérios que marcam o editorial de um órgão de imprensa: a orientação coletiva, os recortes específicos da informação, o comprometimento com uma comunidade de leitores, entre outros. Por isso, acredito que essa é também uma questão central em relação a profissão do jornalista e a forma como a imprensa está socialmente estruturada atualmente; e devemos lembrar que esse não era um problema tão importante antes da imprensa se tornar um tanto centralizada. Outras questões estão subjacentes a essa da imparcialidade: o jornalista deve ser o organizador (imparcial?) por excelência da informação? Como se dá a relação e os vínculos mais específicos entre o jornalista e a comunidade de leitores? Pois, questionar a imparcialidade do jornalista, principalmente no caso de guerras, também é questionar a aparente imparcialidade dos leitores no recebimento da informação – que antes de reverem seus pressupostos e também tomarem “consciência da sua própria parcialidade”, assumem de forma instrumental um posicionamento – e a forma como a imprensa ainda está organizada hoje, a despeito de toda “revolução digital” que experimentamos. Prova disso é a força que ainda possui o discurso da imparcialidade nos cursos de comunicação.

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  8. Acho muito difícil que um jornalista que esteja cobrindo um conflito como uma guerra seja isento de parcialidade. o jornalista como profissional que é, pode sim, transmitir a informação sem deixar transparecer sua posição, porém sempre estará de um lado ou de outro.
    Paulo Roberto.

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  9. Concordo com o Pedro, não há uma impacialidade absoluta. Mesmos nos respaldando de metodologias e teorias para a tentativa da imparcialidade,as escolhas de temas, da forma de abordar e até mesmo algumas pré disposições da sociedade fazem com que o resultado nunca possa ser totalmente imparcial. Ser parcial não é somente tomar um lado dentro de um contexto.

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  11. O dilema da imparcialidade é uma constante nas discussões quando o assunto é jornalismo. Apesar de haver algum esforço do profissional em relação à informação abordada, a balança sempre pesa pra um lado. Ainda há de se levar em consideração que um dado jornal também tende a uma visão político-ideológica. Colocados esses pontos, não podemos esquecer que um repórter é, antes de tudo, pertence à determinada agência de notícia, portanto, sua visão é colocada em segundo plano. Ele pode até se aproximar de uma agência de notícias convergente à sua ideologia. Essa é uma via de análise.
    Os jornais “vendem” imparcialidade como forma de garantir sua venda. Pura retórica. O jornalista (no exercício de sua profissão) tem um lado: seu trabalho. É o que me leva a acreditar que o debate, assim como Igor colocou, é uma questão acadêmica indispensável, mas inaplicável.


    Nathália Topini Lucas

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