domingo, 6 de setembro de 2009

Cobertura da Folha sobre a guerra do Iraque – Análise do Jornal do dia 24 de março de 2003


Neste texto, serão demonstrados alguns pontos e questões levantados pelo grupo na análise da cobertura conferida à Guerra do Iraque pelo jornal Folha de São Paulo no dia 24 de março de 2003. Em primeiro lugar, é importante destacar que nesta edição, encontramos reportagens da Redação (com base em agências de notícias), de jornais norte-americanos (como o NY Times e o Washington Post), além, é claro, do correspondente Sérgio Dávila, enviado pela Folha. Com relação a este último, pudemos notar que suas matérias se diferenciam das demais, por se constituírem de um relato que busca uma maior aproximação com o leitor, trazendo a tona algumas das dificuldades enfrentadas em sua estadia em Bagdá, como, por exemplo, a possibilidade de um bombardeio norte-americano a qualquer momento ou até mesmo a condição “irrespirável” do ar. Houve uma discussão na qual tentamos pensar se essa forma de cobertura de guerra seria ou não jornalismo. Chegamos a conclusão de que esse tipo de narrativa não só é uma maneira de se fazer jornalismo como também representaria um diferencial da Folha com relação a outros jornais brasileiros, já que este foi o único que enviou um correspondente ao Iraque.

É essencial ressaltar que é com relação aos dados da imprensa internacional onde podemos notar a postura mais crítica da Folha. Na publicação deste dia, encontra-se uma página com duas matérias: uma do NY Times, na qual a autora defende diversos argumentos favoráveis aos Estados Unidos na guerra e outra – escrita especialmente para o jornal por Demetrio Magnoli – que nos alerta para sempre suspeitar da cobertura da mídia, como sugere o próprio nome do artigo (“Desconfiem das notícias”). Embora tenha surgido uma discussão dentro do grupo se a configuração desta página teria sido proposital, não devemos deixar de considerar o fato de ambas as matérias estarem justamente na mesma página. Chegamos a concluir que talvez a Folha assumisse uma atitude mais crítica justamente quando se trata da própria imprensa.

Além desta crítica, podemos notar também uma posição contrária à guerra, de maneira geral. Ao dedicar uma página inteira às reportagens sobre as manifestações contra e a favor da guerra, as primeiras se sobressaem por ocuparem mais da metade da página, além de exibir fotografias nas quais os manifestantes pareciam mais dinâmicos (ativos) do que os norte-americanos pró-guerra do Iraque. Isso talvez se deva ao fato de que a opinião pública mundial se encontrava amplamente contra à guerra, fazendo com que a Folha adotasse essa abordagem. No que diz respeito a esse tema de discussão, foi sugerido pela professora que fizéssemos um exercício de comparação entre as coberturas desta guerra com a cobertura da guerra do Golfo para que possamos constatar se a Folha já defendia uma postura anti-guerra ou se isso seria uma particularidade do contexto do conflito entre os EUA e o Iraque.
Estes dados apresentados nos fazem pensar em uma postura crítica da Folha à defesa hegemônica da guerra, porém não poderíamos excluir que certas vezes tal jornal também demonstra certo alinhamento aos EUA. Isto se faz notar na própria matéria da capa e na manchete do jornal, que optam por privilegiar a denúncia de violência de iraquianos a cinco soldados norte-americanos, mantidos como reféns. Nesta mesma matéria se observa que a Folha procura evidenciar os dois lados da guerra, isto é, tanto o discurso iraquiano quanto o norte-americano, apresentando um quadro com as duas versões com relação à quantidade de soldados norte-americanos mortos. No entanto, na manchete da mesma reportagem opta claramente pelos dados do Pentágono, talvez por ser considerado uma fonte mais confiável.
Desta forma, o que podemos observar da cobertura da Folha sobre esta guerra ainda em início é que abarca diferentes posições até mesmo em apenas uma edição, parecendo assumir ora uma aproximação ao discurso norte-americano, ora uma postura crítica a guerra e, principalmente, a imprensa; no entanto se esforçando sempre em apresentar ambos os lados do conflito, ainda que privilegie um em detrimento do outro, como ressaltado acima.
Grupo: Ana Paula Leite
Lívia Antunes
Mariana Lopes
Raquel Rodrigues
Rafael
Ricardo Dutra
Sabrina Arruda
Valentim
Vivian Sant’anna

2 comentários:

  1. É muito importante analisar de tal maneira um jornal brasileiro, principalmente quando ele aborda um assunto tão impactante.
    E a Folha foi um jornal que se destacou na cobertura da guerra do Iraque, devido ao envio de um correspondente. E para construir sua visão sobre a guerra ela não se utiliza apenas da visão do seu enviado, conseguindo mostrar assim diferentes pontos de vista sobre o mesmo assunto. Ela mostrar os dois lados, os EUA e o Iraque. E ao mesmo tempo em que é crítica, também tenta construir uma visão critica em seus leitores.

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  2. O mais legal das matérias selecionadas para esse grupo é como a postura do jornal é inconstante quando se analisa a fonte de cada matéria.

    Só pra corrigir, o meu nome no grupo é Raphael Oliveira, ali está só como Rafael.

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