Neste texto, serão demonstrados alguns pontos e questões levantados pelo grupo na análise da cobertura conferida à Guerra do Iraque pelo jornal Folha de São Paulo no dia 24 de março de 2003. Em primeiro lugar, é importante destacar que nesta edição, encontramos reportagens da Redação (com base em agências de notícias), de jornais norte-americanos (como o NY Times e o Washington Post), além, é claro, do correspondente Sérgio Dávila, enviado pela Folha. Com relação a este último, pudemos notar que suas matérias se diferenciam das demais, por se constituírem de um relato que busca uma maior aproximação com o leitor, trazendo a tona algumas das dificuldades enfrentadas em sua estadia em Bagdá, como, por exemplo, a possibilidade de um bombardeio norte-americano a qualquer momento ou até mesmo a condição “irrespirável” do ar. Houve uma discussão na qual tentamos pensar se essa forma de cobertura de guerra seria ou não jornalismo. Chegamos a conclusão de que esse tipo de narrativa não só é uma maneira de se fazer jornalismo como também representaria um diferencial da Folha com relação a outros jornais brasileiros, já que este foi o único que enviou um correspondente ao Iraque.
É essencial ressaltar que é com relação aos dados da imprensa internacional onde podemos notar a postura mais crítica da Folha. Na publicação deste dia, encontra-se uma página com duas matérias: uma do NY Times, na qual a autora defende diversos argumentos favoráveis aos Estados Unidos na guerra e outra – escrita especialmente para o jornal por Demetrio Magnoli – que nos alerta para sempre suspeitar da cobertura da mídia, como sugere o próprio nome do artigo (“Desconfiem das notícias”). Embora tenha surgido uma discussão dentro do grupo se a configuração desta página teria sido proposital, não devemos deixar de considerar o fato de ambas as matérias estarem justamente na mesma página. Chegamos a concluir que talvez a Folha assumisse uma atitude mais crítica justamente quando se trata da própria imprensa.
Além desta crítica, podemos notar também uma posição contrária à guerra, de maneira geral. Ao dedicar uma página inteira às reportagens sobre as manifestações contra e a favor da guerra, as primeiras se sobressaem por ocuparem mais da metade da página, além de exibir fotografias nas quais os manifestantes pareciam mais dinâmicos (ativos) do que os norte-americanos pró-guerra do Iraque. Isso talvez se deva ao fato de que a opinião pública mundial se encontrava amplamente contra à guerra, fazendo com que a Folha adotasse essa abordagem. No que diz respeito a esse tema de discussão, foi sugerido pela professora que fizéssemos um exercício de comparação entre as coberturas desta guerra com a cobertura da guerra do Golfo para que possamos constatar se a Folha já defendia uma postura anti-guerra ou se isso seria uma particularidade do contexto do conflito entre os EUA e o Iraque.
Estes dados apresentados nos fazem pensar em uma postura crítica da Folha à defesa hegemônica da guerra, porém não poderíamos excluir que certas vezes tal jornal também demonstra certo alinhamento aos EUA. Isto se faz notar na própria matéria da capa e na manchete do jornal, que optam por privilegiar a denúncia de violência de iraquianos a cinco soldados norte-americanos, mantidos como reféns. Nesta mesma matéria se observa que a Folha procura evidenciar os dois lados da guerra, isto é, tanto o discurso iraquiano quanto o norte-americano, apresentando um quadro com as duas versões com relação à quantidade de soldados norte-americanos mortos. No entanto, na manchete da mesma reportagem opta claramente pelos dados do Pentágono, talvez por ser considerado uma fonte mais confiável.
Desta forma, o que podemos observar da cobertura da Folha sobre esta guerra ainda em início é que abarca diferentes posições até mesmo em apenas uma edição, parecendo assumir ora uma aproximação ao discurso norte-americano, ora uma postura crítica a guerra e, principalmente, a imprensa; no entanto se esforçando sempre em apresentar ambos os lados do conflito, ainda que privilegie um em detrimento do outro, como ressaltado acima.
Estes dados apresentados nos fazem pensar em uma postura crítica da Folha à defesa hegemônica da guerra, porém não poderíamos excluir que certas vezes tal jornal também demonstra certo alinhamento aos EUA. Isto se faz notar na própria matéria da capa e na manchete do jornal, que optam por privilegiar a denúncia de violência de iraquianos a cinco soldados norte-americanos, mantidos como reféns. Nesta mesma matéria se observa que a Folha procura evidenciar os dois lados da guerra, isto é, tanto o discurso iraquiano quanto o norte-americano, apresentando um quadro com as duas versões com relação à quantidade de soldados norte-americanos mortos. No entanto, na manchete da mesma reportagem opta claramente pelos dados do Pentágono, talvez por ser considerado uma fonte mais confiável.
Desta forma, o que podemos observar da cobertura da Folha sobre esta guerra ainda em início é que abarca diferentes posições até mesmo em apenas uma edição, parecendo assumir ora uma aproximação ao discurso norte-americano, ora uma postura crítica a guerra e, principalmente, a imprensa; no entanto se esforçando sempre em apresentar ambos os lados do conflito, ainda que privilegie um em detrimento do outro, como ressaltado acima.
Grupo: Ana Paula Leite
Lívia Antunes
Mariana Lopes
Raquel Rodrigues
Rafael
Ricardo Dutra
Sabrina Arruda
Valentim
Lívia Antunes
Mariana Lopes
Raquel Rodrigues
Rafael
Ricardo Dutra
Sabrina Arruda
Valentim
Vivian Sant’anna
É muito importante analisar de tal maneira um jornal brasileiro, principalmente quando ele aborda um assunto tão impactante.
ResponderExcluirE a Folha foi um jornal que se destacou na cobertura da guerra do Iraque, devido ao envio de um correspondente. E para construir sua visão sobre a guerra ela não se utiliza apenas da visão do seu enviado, conseguindo mostrar assim diferentes pontos de vista sobre o mesmo assunto. Ela mostrar os dois lados, os EUA e o Iraque. E ao mesmo tempo em que é crítica, também tenta construir uma visão critica em seus leitores.
O mais legal das matérias selecionadas para esse grupo é como a postura do jornal é inconstante quando se analisa a fonte de cada matéria.
ResponderExcluirSó pra corrigir, o meu nome no grupo é Raphael Oliveira, ali está só como Rafael.