terça-feira, 15 de setembro de 2009

“Guerra Estúpida?”

Assim, o editorial da Folha de São Paulo define a visão acerca dos eventos de março de 2003: a invasão norte-americana ao Iraque. Neste artigo, esquadrinharemos como o jornal paulista explora os fatos do segundo dia de guerra declarada, observando como ele constrói sua posição e a como se conecta com outros veículos de comunicação, opiniões e protestos no Brasil e no mundo.
Através dos correspondentes Juca Varella, fotógrafo; e Sérgio D'Ávila, jornalista; a Folha realiza sua cobertura no front. À primeira vista, as reportagens são elaboradas buscando revelar imparcialidade. Porém, nas páginas subsequentes, o que se evidencia é a opinião pessoal do enviado em Bagdá. Claramente, a posição de um “Davi (Iraque) x Golias (EUA)” é transparecida por D'Ávila: elementos como “as barricadas de sacos de areia feitas nas esquinas, que começaram aparecer são mambembes e mal planejadas. As trincheiras cavadas pelos cidadãos a pedido do ditador Saddam Hussein são rasas e de cortar o coração pela ingenuidade e ineficácia”, e uma foto onde homens, dentre eles, velhos e crianças segurando armas, posam ao lado de uma barricada. É notório que Varella enfatiza um armamento precário, para combater a “tecnologia do Império”, e ao fundo, aparecem soldados, uniformizados de maneira melhor, descansando. A partir dela, podemos abstrair que o fotógrafo considera a população como um escudo do governo iraquiano, ou seja, Saddam Hussein estaria se protegendo à sombra do povo. É claro, também, que ambos os correspondentes criticam tal governo por este limitar a locomoção da imprensa, e controlar as informações, restringindo o acesso apenas às oficiais, tendo ele o intento de mostrar uma Bagdá ainda erguida e que os alvos atacados seriam “irrelevantes”. Além disso, é mostrada uma relativa apreensão de Kuwait e Israel sobre possíveis ataques de mísseis iraquianos.
Porém, o que fica evidente é um país que não teria nenhuma chance contra um “inimigo mais poderoso”, em termos militares e econômicos. A cobertura traz, contudo, sem explorá-lo de maneira mais incisiva, um esboço do que o mundo enxergaria nos meses e anos seguintes: um Iraque marcado pela economia frágil e uma sociedade despreparada para um conflito, que observamos se prolongar até nossos dias.
É por isso, então, que o mundo reclamou da guerra? Ou seria pela pretensão estadunidense em explorar os poços de petróleo da região? Isto não podemos responder... Só podemos comentar que ao expor as diversas reações pelo mundo, acerca da guerra, a Folha esteve calcada nos textos de diversas agências, buscando demonstrar relativa imparcialidade. Trouxe, também, os discursos oficiais dos chefes de Estado de ambos os lados, e o posicionamento de outros líderes, incluindo o do presidente Lula, demonstrando realizar o “choque de opiniões”.
Entretanto, durante todo o caderno “Mundo”, as manifestações antiguerra estão presentes, desde o Vaticano, aos atos de jovens de todo o planeta, indicando que o jornal, ao expor seu argumento “guerra estúpida”, esteve sintonizado com a opinião pública mundial. Seus correspondentes em Bagdá adotaram tal posicionamento, onde na “guerra contra o terror”, a maior potência mundial enfrentava um adversário cuja força estava presente apenas no discurso de seu líder, mas que contradizia a realidade intrínseca ao Iraque. Em suma, tal guerra seria fruto de intenções capitalistas em benefício de setores ligados à indústria bélica e petrolífera, sendo as justificativas norte-americanas expostas pouco plausíveis.

Por: Adriana do Amaral, Ana Cristina Sabioni, Clara Iamê, Fabiana Ramos, Mayra Poubel, Monica Sicuro, Patrick Monteiro, Raquel Pinheiro, Vanessa Pollak.

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