sábado, 24 de outubro de 2009


No filme a violência é abordada de uma maneira pouco usual, trazendo sensações bem particulares a quem assiste o assiste. De acordo com João Verr’simo, “"Bastardos Inglórios" é um iniciativa arriscada. Afinal, aborda a perseguição nazista aos judeus na 2a Guerra de um ponto de vista espetacular, buscando o entretenimento da ação e não recua em temperar inúmeras de suas cenas com humor. O humor cínico e sangrento de Tarantino, claro, mas o tema é delicado e sempre pode ferir sensibilidades.”

Pessoalmente, achei a abordagem da guerra muito original, pois até então não tinha visto o aspecto “vingativo” dos judeus em nenhuma outra produção. O mais surpreendente é que a “crueldade” dos judeus não fez com que eu sentisse raiva dos mesmos, ou pena dos nazistas. Isto merece uma reflexão, e talvez seja devido à imagem já formada sobre os nazistas e suas crueldades. Mas pode ser que isso fique para a competência de Tarantino. O revanchismo dos judeus chega a ser apreciado por nós, como se “lavasse a alma” dos demais que sofreram com as atitudes de Hitler.

O diretor consegue fazer com que a guerra pareça engraçada. O início do filme se aproxima das demais produções sobre a II Guerra: a impiedade dos nazistas e suas atrocidades. Contudo as situações vão se tornado cômicas, os diálogos parecem humorísticos. Vale ressaltar que as “piadas” são inteligentíssimas, garantindo assim a qualidade do roteiro.

Particularmente discordo das críticas recebidas pelo filme quanto ao aspecto de “sangue sem que nem pra que” e nem com a questão de ter sido um filme clichê. De acordo com Érico Borgo, esse tema é polêmico: “(violência tarantinesca). Uns amam, outros odeiam. Considerando os filmes anteriores do diretor, achei desta vez ela até contida, deixada para poucos momentos de impacto. Mas isso por que não me importo em ver escalpos e tacos de baseball esfacelando cabeças. O cinema de Tarantino tem mesmo essa propriedade um tanto anestésica em alguns em relação à sangreira. Ele consegue transformar o "gore" em "cool" dentro de determinados públicos.

As cenas de suspense são envolventes, na quais chegamos a “torcer” pelo desfecho favorável de um dos lados. As histórias paralelas que convergem no final do filme causam ansiedade, a interessante maneira de mostrá-las nos faz perceber como um mesmo evento trilha e influencia caminhos distintos.

O final pouco esperado, para mim até surpreendente, rompe com as demais produções a cerca da guerra que buscam um elo com o realismo. Uma maneira original de “acabar com a II Guerra” faz com que o filme seja mais prazeroso. Um ponto que merece ser comentado é o fato de ser muito longo, algumas críticas sobre o filme derivam desse aspecto, pois a partir de certo momento começa-se a pensar: quando isso vai acabar.

Tarantino rompe com o realismo

Quem assistiu Bastardos Inglórios, a mais nova produção de Quentim Tarantino, sabe que, no filme, a Segunda Guerra Mundial não acaba da forma como nos contam os livros de História. Isso porque o diretor altera o rumo dos acontecimentos na intenção de, segundo ele, quebrar tabus e inovar a forma de se retratar o Holocausto. “Sei que os americanos judeus da minha geração e os mais novos estão fartos das histórias de sempre sobre o Holocausto”, declarou Tarantino, que ignora totalmente a verossimilhança característica dos filmes hollywoodianos sobre a Segunda Guerra.

Arnaldo Jabor, numa matéria do Jornal “O Globo” da última terça-feira, afirma que Tarantino não se preocupa com as regras narrativas “progressistas” justamente por romper com o realismo histórico, o qual denomina como “realismo burguês”. Ele muda o final da guerra ao trancar Hitler e todo “alto escalão” nazista num cinema parisiense, que é incendiado por uma judia. Há quem afirme que é o descaso para com a verossimilhança o grande trunfo do filme.

Acredito que seja importante pensarmos e discutirmos sobre a mensagem que o diretor deseja passar ao público ao optar por esse tipo de abordagem. Além disso, podemos também refletir sobre o que Tarantino pensa sobre o cinema. Isabela Boscov, numa matéria da revista “Veja” do dia 7 de outubro, fala que Bastardos Inglórios não é um filme sobre a Segunda Guerra e nem mesmo uma história fantasiosa que se passa nesse período. Para ela esse é um filme que pertence à história do cinema e que “se passa” em todos os outros filmes já feitos sobre o mesmo tema. Tarantino acredita tanto na potência do cinema que a propriedade explosiva da película chega a ser explorada ao final do longa como arma de guerra. É a partir desses dois pontos que abro para discussão.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios: o novo olhar de Tarantino.


Um dos aspectos que mais chama a atenção no mais novo longa-metragem de Quentin Tarantino é que este constitui, sem dúvidas, um novo olhar sobre a Segunda Guerra Mundial, passando longe da seriedade com que este tema é tratado em muitos filmes e inovando pelo fato de demonstrar uma vingança judia. Tarantino, conhecido por seu humor e ironia, não poderia deixar de abusar das caricaturas e gozações. Nazistas do alto escalão, como Hitler e o ministro da propaganda Joseph Goebbles são responsáveis por caracterizações e passagens cômicas, sendo retratados muitas vezes como amedrontados. Os próprios norte-americanos não escapam: Aldo “O Apache” Raine encarna uma espécie de caipira, interpretando-o com gestos e sotaques característicos; e os mesmos são alvo de uma piada – realizada no decorrer do filme - do fato de não saberem outra língua além do inglês.

É claro que a violência, outra marca pela qual o diretor é conhecido - e diga-se de passagem, odiada por muitos e adorada por outros - também se faz presente neste filme. Ação, sangue e tiros são recursos do diretor, no entanto, a meu ver, são menos utilizadas do que em seus filmes anteriores, como Kill Bill, por exemplo. No longa recente, tal violência é mais reservada justamente às cenas dos Bastardos Inglórios, que se dedicam a tentativa de escalpelar pelo menos cem nazistas – como ordena Raine. Nestas cenas podemos perceber uma certa continuidade de Tarantino com suas demais obras; já fora destas nota-se que o diretor passa a valorizar momentos de pausas e diálogos mais elaborados, sabendo aproveitar excelentes atores. Um exemplo disto é uma das primeiras cenas do filme - ilustrada na foto em destaque - estrelada por Denis Menochet, um fazendeiro que dá abrigo a uma família judia, e Christoph Waltz, o nazista conhecido como “caçador de judeus”.

Com todo este senso de humor, abuso da violência e caracterizações, Bastardos Inglórios é, em minha opinião, uma diferente versão sobre a Segunda Guerra Mundial. Apesar de se passar neste momento histórico, chama bastante atenção que o filme, em muitos aspectos, não condiz com o modo que as coisas realmente aconteceram. Parece que Tarantino optou por um “não compromisso” com a realidade, pois os próprios Bastardos que dão nome ao filme são uma criação do diretor. Além disso, este deixa bem claro o caráter ficcional do longa quando opta por iniciá-lo com a frase “Era uma vez em uma França dominada por nazistas...” , além de dividir suas seqüências por capítulos. Ao meu ver, este é um dos pontos em que Tarantino é mais “radical”, uma vez que rompe com uma tradição do cinema hollywoodiano, muito preocupado com o caráter de verossimilhança de seus filmes, na tentativa de conseguir uma identificação com o público.

sábado, 17 de outubro de 2009

Exercício BASTARDOS INGLÓRIOS


Depois de assistirmos ao filme de Quentim Tarantino, Bastardos Inglórios, no cinema, gostaria que cada um fizesse uma postagem com sua análise. Não estou falando de comentário no blog mas de uma postagem sua. Isto inclui um texto (comentário, crítica, análise etc) e uma imagem, vídeo ou algum outro acessório que possa ajudar na análise. Pode ser do próprio filme ou alguma relação que você estiver interessado(a) em fazer. Lembre de colocar seu nome no final da postagem já que todos terão a mesma senha e por isso não será possível identificação automática. A permissão para a publicação será enviada por email.

Abaixo sugiro alguns parâmetros para a análise, mas são apenas sugestões e não perguntas a respondem. Usem ou não. Fica a critério.

Sugestões de análise.
1) Aproximação ou não da narrativa aos fatos históricos da Segunda Guerra Mundial;
2) Expressão da violência da guerra e do cotidiano da época;
3) O humor na narrativa de guerra;
4) A inversão da violência por partes dos judeus;
5) O filme como análise contemporâneo do fato histórico;
6) Comparação com outras narrativas de ficção sobre a Segunda Guerra, de outros momentos e de outros autores;
7) O próprio cinema como ponto de análise do filme;
8) Comparação com outros filmes do diretor;
9) A relevância de se fazer um filme sobre a Segunda Guerra hoje

Antes de postar pesquisem alguma coisa sobre o filme ou sobre o ponto de vista que queiram abordar para que seja uma análise mais consistente do que apenas a opinião. Vocês têm ATÉ a próxima aula para postar, considerando que não teremos aula na próxima semana em função da Semana Acadêmica. Então é tempo mais do que suficiente para fazer este pequeno trabalho e com capricho. Qualquer dúvida, me escrevam. Quanto ao nosso calendário, vou repensá-lo em função das semanas que nos restam até o fim do ano. Talvez tenhamos que juntar alguns temas numa mesma aula. O certo é que os grupos que não apresentaram na última semana ficam para a próxima aula sem falta.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aula no cinema - BASTARDOS INGLÓRIOS

Caríssim@s.
Está confirmada então a aula no cinema nesta quarta, dia 14.
Agradeço a todos a pronta resposta e a disposição de vocês de toparem as minhas propostas mesmo sendo um pouco em cima da hora como no caso desta.
Todos me responderam com entusiasmo, seja pelo tema, pela aula ou pelo Brad Pitt. E até já começaram a debater o filme, o que é muito bom.
Vamos ver sim qual a perspectiva da produção, se pretende seguir fielmente uma perspectiva histórica, se carrega em alguma parte, se faz alguma escolha ideológica, enfim, vamos ver como analisá-lo depois de ver. Até o momento tb só sei o que li das críticas e vi do trailler.
Vou ver ainda uma maneira de debatermos o assunto. Certamente na aula seguinte à ida ao cinema e provavelmente no blog. Aviso vcs na aula ou depois sessão.

Quanto aos grupos que apresentariam nesta quarta, automaticamente apresentam na aula seguinte.

Confirmando a AULA NO CINEMA nesta quarta, dia 14.
Veremos o filme BASTARDOS INGLÓRIOS, do cineasta Quentim Tarantino sobre a Segunda Guerra.
A sessão é a das 14h10, no Plaza, conforme avisa o site do Cinemark.
Comprarei meu ingresso e esperarei por vocês na entrada até 14h. Depois estarei dentro da sala.

Um abraço e boa pipoca.

Vanessa Pedro

terça-feira, 29 de setembro de 2009

AULA DE 30 DE SETEMBRO - Guerra Civil Espanhola


1) No início da próxima aula terminaremos de assistir ao filme que estávamos vendo na aula passada. E discutiremos brevemente.
2) Tragam POR ESCRITO um comentário/reposta de vocês à pergunta sobre a IMPARCIALIDADE NA COBERTURA DE GUERRA. Junto da pergunta há duas opiniões conflitantes a esse respeito. Escrevam a resposta de vcs após lerem as duas posições citadas. Recolherei as respostas na próxima aula. Podem escrever no verso do xerox que devolverei a vcs posteriormente depois de avaliado.
3) O tema da próxima aula é GUERRA CIVIL ESPANHOLA.
Textos: ORWELL, George. Literatura e Política: Jornalismo em tempos de guerra.
Filme: Terra e Liberdade

Solicito também que tragam informações sobre o evento e, em especial, sobre algum material de representação do conflito, lido/assistido/observado para ser comentado em sala.

4) Atenção equipes de Guerra Civil Espanhola...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Em debate...


Reflita e comente a pergunta acima. Na próxima postagem serão publicadas as opiniões de dois especialistas em guerra.