terça-feira, 1 de dezembro de 2009

(ainda exercício de Bastardos Inglórios)

O filme de Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios, começa numa França ocupada por nazistas, onde Shosanna Dreyfus (Laurent) testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz).

A introdução (Primeira Parte do filme) é brilhante, com um diálogo sobre ódio, entre os personagens de Waltz e Denis Menochet (um fazendeiro francês que escondia a família Dreyfus em seu porão).

Para mim, este primeiro diálogo é a grande conquista do filme: nele, o coronel Landa discute o porquê do nojo de ratos e não de esquilos, que transmitiriam as mesmas doenças aos humanos. O fazendeiro francês não consegue explicar porque só odeia os ratos, já que os esquilos seriam igualmente nocivos, afirmando que se aquele entrasse em sua casa ele o receberia a pauladas sem que este tivesse tido tempo de sequer ferir sua família.

Após a Segunda Gerra Mundial (1939-1945), muito se tentou (e ainda hoje se tenta) explicar o porquê do ódio de Hitler aos judeus, mais especificamente. – Sem contar as minorias atingidas por ele em sua “limpeza étnica” (ciganos, homossexuais, deficientes físicos, e outros). Não podendo explicar assertivamente, tentamos diversas elucubrações, mas temos dificuldade em aceitar um ódio extremo sem explicação racional. Ódio pela simples existência do outro, que é o diferente – de acordo com uma das teses de Edward Said.

Apesar da fuga aos fatos históricos da Segunda Guerra Mundial ao final de seu longa, Tarantino propõe boas reflexões sobre a questão da violência por parte dos judeus, como forma de vingança.

O tema da luta pela sobrevivência por parte dos judeus nos tempos de Segunda Guerra, já largamente utilizado em filmes, peças teatrais, livros (e penso que, talvez, seja este um dos trunfos de Tarantino neste filme sobre um tema já tão explorado, sei final inesperado), é, em geral, retratado como exemplo de bravura e coragem (como num filme recente [2008], chamado Um Ato de Liberdade, passado em florestas do leste europeu, onde judeus se escondem e vivem com base de extração da natureza, em comunidade, fugindo dos soldados nazistas; isso para ficarmos em apenas um exemplo!).

Em Bastardos Inglórios, Tarantino mostra uma possibilidade de os judeus praticarem atos igualmente brutais se tivesse tido ou uma liderança forte, ou apoio bélico, ou oportunidades imperdíveis (como a de Shosanna, ao abrigar numa só noite, Hitler e Goebbels em seu cinema – sem aqui ter nenhum pensamento do tipo: Eles começaram primeiro;os judeus estavam quietos!...) Uma discussão sobre vingança violenta para um tema tão caro à humanidade (a Segunda Guerra em si e o preconceito étnico-religioso).

Outro ponto alto do filme são as caricaturas apresentadas no decorrer da trama. O diretor reduz os tipos a seus estereótipos (o americano caipira e bruto, a francesa blasée, os nazistas engomadinhos), economizando, assim, tempo de caracterizações. Nestes estereótipos, na crítica ao modo como os estadunidenses tratam outros povos (quando a atriz alemã pergunta se o povo daquele país falava outra língua além da própria) e na especial caracterização do general Landa e de um Hitler mimado, creio estarem os momentos de humor, comuns entre os filmes do diretor, que consegue mesclá-los com cenas de intensa violência e sangue.

*Fonte de pesquisa: www.omelete.com.br

2 comentários:

  1. todo mundo fala desse filme, todo mundo assiste esse filme, menos eu. VOU MORRER. preciso ver
    o que mais me chamou a atenção no que você falou foi o fato dos judeus poderem ter revidado brutalmente, se tivessem oportunidade, pois é certo de que em uma guerra, nenhum lado é justo.

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  2. taís, brigada pelo encorajamento. pode deixar que a série continua a todo vapor, e em breve terei novidades em relação e ela.

    e pode comentar no post que quiser, que os comments vão pro meu email.

    beijo no coração valente,
    ivi

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